Planejamos nossos deslocamentos diários levando em consideração múltiplos fatores: tempo, custo, conforto – e, não menos importante, a facilidade de conexão entre diferentes meios. Enquanto a frota de carros segue crescendo, quem depende do transporte coletivo tenta driblar a mobilidade deficiente fazendo melhores escolhas. Oferecer soluções integradas que levem as pessoas de um ponto ao outro com o máximo de conveniência é um caminho para cidades mais humanas e sustentáveis reconhecido por especialistas em mobilidade de todo o mundo.
Segundo a consultoria McKinsey & Co, a integração total entre os meios de transporte disponíveis na cidade permitiria acomodar 30% mais tráfego com redução de 10% no congestionamento. Planejamento, infraestrutura e tecnologia da informação devem trabalhar em conjunto para promover essa integração modal, que se subdivide em três tipos: física, tarifária e informacional.
Em maior ou menor grau, a integração física é uma realidade nas grandes cidades. Trata-se da conexão física entre os diversos meios de transporte, como metrô, ônibus, bicicleta, e até mesmo automóvel. Com o acesso facilitado entre um e outro – por exemplo, estações de bicicleta nos terminais de ônibus, ou ciclovias que levem até as estações de metrô – torna-se mais conveniente o uso combinado dos meios disponíveis.
A integração tarifária é a possibilidade de utilizar uma mesma forma de pagamento – como um cartão – para pagar por viagens nos diversos meios de transporte disponíveis. A prática já é bastante difundida no Brasil. Em capitais como São Paulo, um mesmo cartão dá acesso a modos sobre trilhos, ônibus e bicicletas compartilhadas. Com o pagamento unificado, agências e operadores podem incentivar o uso do transporte coletivo por meio do desconto ou da isenção das viagens seguintes dentro de uma determinada janela de tempo– a chamada integração tarifária temporal –, tornando mais interessante a opção por meios de transporte mais sustentáveis. A capital paulista também está experimentando o pagamento via cartões de crédito e débito.
Por fim, um sistema de informação integrado e confiável permite ao passageiro planejar suas viagens multimodais de forma mais eficiente. Combinadas, as integrações dos meios, das tarifas e das informações tornam o deslocamento pela cidade mais fluído, intuitivo e promovem a seamless mobility, quer dizer, a mobilidade sem interrupções e inconveniências. É o primeiro passo para que as cidades se aproximem de um conceito que é visto como o futuro da mobilidade.
A Mobilidade como um Serviço – do inglês Mobility as a Service, ou MaaS – combina a integração total das opções públicas e privadas de transporte disponíveis, com pagamento único (seja por viagem, mensalidade ou anuidade) em uma plataforma em que o deslocamento é adquirido por inteiro, “de porta a porta”, ainda que combine vários meios. Com o smartphone, você confere diferentes combinações possíveis para chegar ao destino por um trajeto rápido, barato, eficiente e integrado.
Digamos que você precise ir a uma loja em um bairro pouco seguro, a 8 quilômetros da sua casa. Neste caso, uma plataforma de MaaS indica uma sequência conveniente e encadeada de modos – caminhar até a estação de bikes a uma quadra de casa, pedalar 1 quilômetro até o metrô, descer na terceira estação e pegar um carro compartilhado que estará na saída 2 da estação para concluir a viagem. Até mesmo fatores de decisão como a qualidade do ar e outros poderiam ser incorporados. Muitos dos elementos que compõem o MaaS são familiares para quem usa aplicativos como Google Maps ou Waze, compartilha bikes, solicita táxi e ride-hailing pelo smartphone. O que falta é a integração inteligente entre todas essas tecnologias.
Em várias cidades, plataformas como Uber e Lyft passaram a oferecer a locação de patinetes e bicicletas compartilhadas. As empresas também realizam pilotos de integração com o transporte coletivo nos Estados Unidos e na Europa. São experiências que podem impulsionar a transformação, mas ainda são restritas, já que cada plataforma incorpora apenas serviços da empresa provedora e de prestadoras parceiras. A prática tem sido chamada de walled gardens (“jardins cercados”) em referência a casos como o da Lyft que, após adquirir uma operadora do serviço Citi Bike, bloqueou o acesso às bicicletas pelo app Transit, plataforma de planejamento e aquisição de viagens em diversos meios públicos e privados.
Para funcionar plenamente, a MaaS depende da cooperação e disponibilização de dados operacionais dos transportes público e privado por meio de APIs abertas. Quer dizer, a possibilidade de determinada plataforma acessar em tempo real informações sobre a disponibilidade de ônibus, carros, bicicletas, patinetes – e quaisquer outras opções que venham a integrar a mobilidade urbana. Só assim o sistema poderá compor trajetos, prever tempos de deslocamento e remunerar cada prestador com o máximo aproveitamento dos serviços – sejam eles privados ou públicos.
Cidades que saem na frente na adoção da MaaS buscam promover condições institucionais para conciliar os interesses dos vários operadores de transporte. A Finlândia foi um dos primeiros países a incorporar a MaaS em suas políticas públicas. Lá a legislação exige de empresas como a Uber a abertura dos dados e da API. Em 2016, o aplicativo finlandês Whim surgiu como a primeira plataforma de MaaS de que se tem notícia e já viabilizou mais de 3 milhões de viagens na capital Helsinque.
No Brasil, este ainda é um gargalo para uma integração mais abrangente. “Muitas das cidades não monitoram sua frota ou não possuem abertura de dados”, pondera Luisa Peixoto, analista de Relações Institucionais da Quicko. A startup, fundada no final de 2018, desenvolve um app que disponibiliza informações dinâmicas sobre as condições do transporte público de São Paulo, como trens, metrô e ônibus.
Desafios institucionais ainda são recorrentes entre quem tenta inovar em mobilidade e transporte. “A transformação digital de qualquer indústria é complexa. Agora imagine trabalhar na transformação digital de um dos setores mais tradicionais do país, altamente regulado”, pondera Luiz Renato Mattos, CEO da OnBoard Mobility. A startup foi finalista do Desafio InoveMob com o Bipay, assistente virtual que facilita a recarga do Bilhete Único em São Paulo e em breve deve expandir operação para outras cidades.
Quem conta com o poder da tecnologia para tornar mais eficientes os deslocamentos nas grandes cidades pode ficar frustrado ao descobrir que algumas vezes o melhor que essa combinação pode oferecer é distração nas redes sociais durante um engarrafamento. Em um horizonte não tão distante, com frotas de veículos limpos, autônomos e compartilhados rodando nas ruas, sistemas de MaaS podem estar por trás do acesso mais barato de todos à mobilidade e à cidade, maximizar a segurança das pessoas, aumentar os benefícios da redução de emissões e efetivar a promessa de reduzir veículos particulares, estacionamentos e congestionamentos.
Fonte: wribrasil.org.br
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